sexta-feira, agosto 10, 2012

um rosto…

abriram-se as cortinas da cidade,
a nudez foi presença nas ruas acorrentadas.

sobraram horas geradas no ventre da noite,
e, amadureceram na encruzilhada sem nome.

espia pela fresta o frio da extinção.
toca  nos dedos hirtos
inflamados,
espinhosos.

um rosto denso de raízes,
com faróis presos ao silêncio,
esmaecesse no espelho da idade.
há desejos húmidos
refletidos em sonhos seculares

soam vozes semeadas nos espaços imaturos.
amadurecem os brilhos
de um verão resistente.
é amarga a linha da verdade
e confusa  a palavra ramificada.

melodias esborram no sangue que jorra
com sabor  a morte certa…

o rosto desvanecesse nas cortinas renegadas!


helena maltez



quarta-feira, junho 20, 2012

sentado com os meus pensamentos na pedra cinzenta e gasta






A sobrevivência


irónico, cínico, passou ao lado do esquecimento
à idade espera-a sentada

mergulha na eternidade
bloqueado pela cor intensa
e pelo calor que arde no corpo

gestos de espanto renascem
a cada expressão no remexer das trevas

um espaço todo para olhar
uma voz pausada que ecoa
na casa crispada onde o cheiro
álcool rutila as paredes da sala vazia

longínquo, o coração mergulha
invisível ao equilíbrio da liberdade
no pavor afasta a certeza

no corpo apenas o bailado
que o coloca de pé, com a dança do vento


l. maltez

quinta-feira, maio 03, 2012

há...





há traços no rosto
traços de pensamentos,
abarcados à saudade.

há um olhar baço
de um quadro com tons verdejantes,
reste-as de tempos passados.

 vozes que se perderam,
um verbo por conjugar,
no cansaço que quem amou e chorou.

há abraços desabitados,
lamentos diluídos…
no âmago da existência.

há o canto num peito naufragado
em caminhos divergentes…


helena maltez

sábado, março 17, 2012

horas mascaradas…




deixo a solidão acordada, vagarosamente sinto-me vestida da tua pele.

no teu olhar a máscara das horas,

a cumplicidade de um mar,

as nossas vozes envelhecidas, numa paixão desgastada

num dia

ficou o deserto,

a loucura…

uma sede roubada,

um não, sem sentido.

já não há palavras sem medos,

ou até um corpo com raízes de afetos…

os espaços estão vazios

na duplicidade insegura

ficou a ilusão do mar, sem navegar em nós!

helena maltez

  o teu sorriso no esplendor de uma suave explosão chega a mim o teu sorriso. aflui com emoção e calor, como sonhos mesclados nos en...